@MASTERSTHESIS{ 2024:320393850, title = {O DESTINO TRÁGICO DA RAINHA PRETA: Pajelanças, realismo-mágico e missão civilizatória na cidade de São Luís-MA em fins do século XIX}, year = {2024}, url = "https://tedebc.ufma.br/jspui/handle/tede/5903", abstract = "Em São Luís do Maranhão, nas últimas décadas do século XIX, mulheres pretas podiam ser rainhas; de corpos humanos, bichos vivos eram extraídos; em qualquer esquina, uma bruxa ou um feiticeiro; plantas curavam; às águas, deusas-mães; e até as pedras viviam. Narrativas como essas eram comuns naquele momento, atraindo a atenção de um grande público – inclusive da parcela mais cética – quando veiculadas pelos jornais. De semelhanças, entre elas, a alcunha pajelança, a população negra envolvida, suas relações com um ofício muito demandado, o antagonismo do projeto civilizatório em vigor, e um certo fascínio que já despertavam. Por quais razões alguém saía de sua casa, atravessava a cidade em direção às tipografias e redações dos periódicos, para pagar por uma publicação na qual inventava e reclamava sobre essas práticas mágicas, fictícias ou não? É o que esta pesquisa investiga. Em outras palavras: perscrutam-se os dramas sociais decorrentes das pajelanças naquela cidade em fins oitocentistas, especificamente aqueles vislumbráveis pela imprensa – vinculada a documentos de polícia, autos judiciais, normas vigentes, memórias, literaturas e produções científicas para se compor o corpo documental. Com vistas à investigação do referido objeto, o problema basilar questiona os conflitos entre a São Luís real e a pretendida provocados pelas existências persistentes de pajés em seu perímetro e circunvizinhanças. Paralelo ao que já foi escrito a respeito, acerca do campo religioso maranhense gestado pelas intersecções entre culturas indígenas, africanas e europeias, e de sua coerção em tempos de pretensa república, aqui esse fenômeno mágico – mas nem por isso menos real – é percebido a partir da dinâmica à que pertencia naquela sociedade em fim de século; no pós-abolição do sistema escravista. Mais do que um amálgama de práticas terapêuticas e religiosas, que tinha contra si um Estado escravista em reformulação, pajelanças eram comunidades, ou redes de solidariedade, formadas por indivíduos aos quais a realidade era demasiadamente hostil, insustentável; cujo sistema de crença integrava, também, quem as detratava, ao retirá-las da obscuridade, da vida privada, conferindo-lhe relevância, reconhecendo socialmente seus poderes.", publisher = {Universidade Federal do Maranhão}, scholl = {PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA/CCH}, note = {DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA/CCH} }